Fusion Orchestra
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Fusion Orchestra
Boas,
Nada como inaugurar o "meu" (vosso) espaço, com este LP.
Como já tinha elaborado este texto faz uns tempos, e este disco foi e continua a ser muito importante para mim, decidi então estrear a "minha" discoteca, com o mesmo.
Por volta do ano de 1978 ou 1979, era eu um jovem de 15/16 anos, com alguma rebeldia própria da idade … não frequentava discotecas (lojas de venda de discos) porque nessa altura, o que por lá se encontrava, era o trivial, como Stones, Deep Purple, Yes, Beatles, Gensesis, Zep e outros grupos que eram (e continuam a ser) mais do conhecimento geral.
As lojas que eu frequentava, em grande parte lojas de electrodomésticos, tinham como intuito, obviamente, a venda de máquinas de lavar roupa (sim, porque máquinas de lavar louça, só apareceram mais tarde), frigoríficos, televisores, rádios, panelas de pressão, e outras coisas mais, como era o caso da Frineve no Areeiro.
Não obstante esse tipo de artigos, essas lojas tinham quase sempre perdido lá num canto qualquer, um ou dois expositores (tipo os expositores giratórios de postais) com "meia-dúzia" de LPs, os quais, e quase sempre, eram edições inglesas e originais (obviamente que na altura, fazia lá ideia do que era, ou não, uma edição original, nem tampouco se falava disso) de grupos que eu nunca tinha ouvido falar na vida.
Pois eram esses mesmos grupos, que me despertavam interesse e em 90% dos casos, dado o facto de não existir internet, e de revistas da especialidade serem muito poucas ou mesmo nenhumas (e quando existiam, as páginas eram cheias com os grupos mais conhecidos), eu comprava os LPs pelo ano, pelas capas, pelos instrumentos que apareciam inscritos na capa, e ainda pelo aspecto dos gajos.
Pois este disco dos Fusion Orchestra, banda que se formou em Inglaterra em 69 e que só fez este registo datado de 73, foi um desses LPs, que na altura, e se não me engano, custou qualquer coisa como cento e tais escudos, ou seja, alguns cêntimos na moeda actual.
Só passadas umas dezenas de anos, e um pouquinho antes do aparecimento da internet, em conversa com o Vitor Nunes (dono da Discoleção), é que eu me apercebi que tinha em minha posse, um registo a dar para o raro.
Mas falando do LP, o que é que se pode ouvir neste vinil actualmente etiquetado como Heavy-Prog?
Mesmo estando etiquetado como Heavy (Prog), denota um talentoso rock progressivo, técnicamente muito bem tocado, e com um som único e incomparável.
Talvez o facto de ser liderado por uma Lady, Jill Saward, de voz poderosa e talentosa, coadjuvado pelo facto de ser uma excelente flautista, possa ter alguma influência no som deste grupo, não sei, a realidade é que produziam um som bastante complexo, e cheio de patamares, os quais iam desde o jazz de fusão ao folk, passando pelo hard e resultando assim, numa orientação bastante progressiva, à qual decidiram, e bem, chamar Fusion Orchestra.
"Sonata In Z" é para mim, uma das melhores músicas e composições feitas com características na área do progressivo, bastante sofisticada e complexa, com alguns "rasgos" de guitarra, e variações um tanto ao quanto, pouco ortodoxas, tudo isto complementado e sincronizado, pela poderosa voz e flauta de Jill Saward.
Outros temas que também gostaria de destacar são "Have I Left The Gas On ?", que por vezes recorda a algo de Manhattan Transfer mas muito mais sofisticado, o tema “Skeleton In Armour” que dá o titulo ao LP e que possuí um excelente par de guitarras, e ainda "Talk To The Man In The Sky".
Para terminar, não queria deixar uma nota de desilusão de minha parte, pelo facto da talentosíssima Jill Saward, ter feito (mais tarde) parte do grupo de jazz-funk Shakatak, cujos registos, nada têm a ver com este enorme DISCO.
Jill Saward - voz, flauta e guitarra
Dave Bell - bateria
Dave Cowell - baixo e harmónica
Colin Dawson - guitarra
Stan Land - guitarra, percussão, sintetizador
http://www.fusionorchestra.com/history.html
Nada como inaugurar o "meu" (vosso) espaço, com este LP.
Como já tinha elaborado este texto faz uns tempos, e este disco foi e continua a ser muito importante para mim, decidi então estrear a "minha" discoteca, com o mesmo.
Fusion Orchestra - Skeleton In Armour (1973), UK EMI EMA 758
Este álbum, que já é considerado um clássico do progressivo, traz-me algumas boas lembranças, principalmente as das minhas “origens” na música como ouvinte.Por volta do ano de 1978 ou 1979, era eu um jovem de 15/16 anos, com alguma rebeldia própria da idade … não frequentava discotecas (lojas de venda de discos) porque nessa altura, o que por lá se encontrava, era o trivial, como Stones, Deep Purple, Yes, Beatles, Gensesis, Zep e outros grupos que eram (e continuam a ser) mais do conhecimento geral.
As lojas que eu frequentava, em grande parte lojas de electrodomésticos, tinham como intuito, obviamente, a venda de máquinas de lavar roupa (sim, porque máquinas de lavar louça, só apareceram mais tarde), frigoríficos, televisores, rádios, panelas de pressão, e outras coisas mais, como era o caso da Frineve no Areeiro.
Não obstante esse tipo de artigos, essas lojas tinham quase sempre perdido lá num canto qualquer, um ou dois expositores (tipo os expositores giratórios de postais) com "meia-dúzia" de LPs, os quais, e quase sempre, eram edições inglesas e originais (obviamente que na altura, fazia lá ideia do que era, ou não, uma edição original, nem tampouco se falava disso) de grupos que eu nunca tinha ouvido falar na vida.
Pois eram esses mesmos grupos, que me despertavam interesse e em 90% dos casos, dado o facto de não existir internet, e de revistas da especialidade serem muito poucas ou mesmo nenhumas (e quando existiam, as páginas eram cheias com os grupos mais conhecidos), eu comprava os LPs pelo ano, pelas capas, pelos instrumentos que apareciam inscritos na capa, e ainda pelo aspecto dos gajos.
Pois este disco dos Fusion Orchestra, banda que se formou em Inglaterra em 69 e que só fez este registo datado de 73, foi um desses LPs, que na altura, e se não me engano, custou qualquer coisa como cento e tais escudos, ou seja, alguns cêntimos na moeda actual.
Só passadas umas dezenas de anos, e um pouquinho antes do aparecimento da internet, em conversa com o Vitor Nunes (dono da Discoleção), é que eu me apercebi que tinha em minha posse, um registo a dar para o raro.
Mas falando do LP, o que é que se pode ouvir neste vinil actualmente etiquetado como Heavy-Prog?
Mesmo estando etiquetado como Heavy (Prog), denota um talentoso rock progressivo, técnicamente muito bem tocado, e com um som único e incomparável.
Talvez o facto de ser liderado por uma Lady, Jill Saward, de voz poderosa e talentosa, coadjuvado pelo facto de ser uma excelente flautista, possa ter alguma influência no som deste grupo, não sei, a realidade é que produziam um som bastante complexo, e cheio de patamares, os quais iam desde o jazz de fusão ao folk, passando pelo hard e resultando assim, numa orientação bastante progressiva, à qual decidiram, e bem, chamar Fusion Orchestra.
"Sonata In Z" é para mim, uma das melhores músicas e composições feitas com características na área do progressivo, bastante sofisticada e complexa, com alguns "rasgos" de guitarra, e variações um tanto ao quanto, pouco ortodoxas, tudo isto complementado e sincronizado, pela poderosa voz e flauta de Jill Saward.
Outros temas que também gostaria de destacar são "Have I Left The Gas On ?", que por vezes recorda a algo de Manhattan Transfer mas muito mais sofisticado, o tema “Skeleton In Armour” que dá o titulo ao LP e que possuí um excelente par de guitarras, e ainda "Talk To The Man In The Sky".
Para terminar, não queria deixar uma nota de desilusão de minha parte, pelo facto da talentosíssima Jill Saward, ter feito (mais tarde) parte do grupo de jazz-funk Shakatak, cujos registos, nada têm a ver com este enorme DISCO.
Jill Saward - voz, flauta e guitarra
Dave Bell - bateria
Dave Cowell - baixo e harmónica
Colin Dawson - guitarra
Stan Land - guitarra, percussão, sintetizador
http://www.fusionorchestra.com/history.html
Fran- Mensagens : 327
Data de inscrição : 17/05/2013
Idade : 61
Localização : Terceira
Fusion Orchestra
Da Fusion Orchestra aos Shakatak? É como do supositório ao foguetão...
O riff de »Sonata in Z« faz parte do quadro de honra dos riffs do rock.
Um abraço,
MJC
Mário João Ceia- Mensagens : 457
Data de inscrição : 16/01/2013
Idade : 73
Localização : Lisboa
Re: Fusion Orchestra
Boas tardes,
Sonata In Z, é dos melhores temas (no género) que algum dia ouvi, um autêntico hino, na minha opinião.
Abraços,
Francisco
Nem mais, mas do meu ponto de vista / interpretativo, eu diria o contrário, é como do foguetão ao supositório, pois supositórios, há muitos, enquanto que foguetões, nãoMário João Ceia escreveu:
Da Fusion Orchestra aos Shakatak? É como do supositório ao foguetão...
O riff de »Sonata in Z« faz parte do quadro de honra dos riffs do rock.
Um abraço,
MJC
Sonata In Z, é dos melhores temas (no género) que algum dia ouvi, um autêntico hino, na minha opinião.
Abraços,
Francisco
Fran- Mensagens : 327
Data de inscrição : 17/05/2013
Idade : 61
Localização : Terceira
Fusion Orchestra
Ainda voltando ao fuguetório e ao supositão..., não consigo compreender o epíteto de »jazz-funk« que os Shakatak têm.
Não conheço o suficiente para julgar assertivamente, mas aquilo que conheço não gosto e… assunto arrumado.
Ainda voltando ao »Esqueleto«, oiço muito mais fusão neste disco do que em muitas obras consagradas neste género. Sem cortar completamente com as amarras do rock (chama-lhe progressivo, ou o que quiseres) neste álbum temos um bocadinho de tudo o que sabe bem ao paladar auditivo (uma terminologia que acabo de inventar para dar mais sainete ao Vinilmania): o órgão Hammond utilizado tanto num registo bluesy como num registo sinfónico, os riffs harmonizados, texturas jethrotullianas«. Até uma colagem (sem sentido pejorativo) da »malha» rítmica do »Take Five«. E, claro, os uníssonos. E muito mais.
Acho piada ao momento mainstream de »When My Momma’s Not at Home«. Lembra-me o momento mainstream dos Gentle Giant em »Betcha Thought We Couldn't Do It«.
Um abraço,
MJC
Não conheço o suficiente para julgar assertivamente, mas aquilo que conheço não gosto e… assunto arrumado.
Ainda voltando ao »Esqueleto«, oiço muito mais fusão neste disco do que em muitas obras consagradas neste género. Sem cortar completamente com as amarras do rock (chama-lhe progressivo, ou o que quiseres) neste álbum temos um bocadinho de tudo o que sabe bem ao paladar auditivo (uma terminologia que acabo de inventar para dar mais sainete ao Vinilmania): o órgão Hammond utilizado tanto num registo bluesy como num registo sinfónico, os riffs harmonizados, texturas jethrotullianas«. Até uma colagem (sem sentido pejorativo) da »malha» rítmica do »Take Five«. E, claro, os uníssonos. E muito mais.
Acho piada ao momento mainstream de »When My Momma’s Not at Home«. Lembra-me o momento mainstream dos Gentle Giant em »Betcha Thought We Couldn't Do It«.
Um abraço,
MJC
Mário João Ceia- Mensagens : 457
Data de inscrição : 16/01/2013
Idade : 73
Localização : Lisboa
Re: Fusion Orchestra
Boas,
Também sou da opinião que as "colagens", não têm, nem devem ser obrigatóriamente, vistas como algo de mau ... nem as "colagens", nem as chamadas "covers", pois conheço algumas, que me soam bastante melhor do que o original (Tobacco Road um original de John D Loudermilk, e quiçá o tema mais "versionado" em toda a história do rock, é talvez o maior e melhor exemplo disso).
Bela análise, e sem duvida que o facto de neste disco haver um pouquinho de tudo (e muito bem tocado), fá-lo especial.Mário João Ceia escreveu: ... Ainda voltando ao »Esqueleto«, oiço muito mais fusão neste disco do que em muitas obras consagradas neste género. Sem cortar completamente com as amarras do rock (chama-lhe progressivo, ou o que quiseres) neste álbum temos um bocadinho de tudo o que sabe bem ao paladar auditivo (uma terminologia que acabo de inventar para dar mais sainete ao Vinilmania): o órgão Hammond utilizado tanto num registo bluesy como num registo sinfónico, os riffs harmonizados, texturas jethrotullianas«. Até uma colagem (sem sentido pejorativo) da »malha» rítmica do »Take Five«. E, claro, os uníssonos. E muito mais.
Acho piada ao momento mainstream de »When My Momma’s Not at Home«. Lembra-me o momento mainstream dos Gentle Giant em »Betcha Thought We Couldn't Do It«.
Um abraço,
MJC
Também sou da opinião que as "colagens", não têm, nem devem ser obrigatóriamente, vistas como algo de mau ... nem as "colagens", nem as chamadas "covers", pois conheço algumas, que me soam bastante melhor do que o original (Tobacco Road um original de John D Loudermilk, e quiçá o tema mais "versionado" em toda a história do rock, é talvez o maior e melhor exemplo disso).
Fran- Mensagens : 327
Data de inscrição : 17/05/2013
Idade : 61
Localização : Terceira
Versões
Fran escreveu:
»... Também sou da opinião que as "colagens", não têm, nem devem ser obrigatóriamente, vistas como algo de mau ... nem as "colagens", nem as chamadas "covers", pois conheço algumas, que me soam bastante melhor do que o original (Tobacco Road um original de John D Loudermilk, e quiçá o tema mais "versionado" em toda a história do rock, é talvez o maior e melhor exemplo disso).
Mais uma excelente ideia para um novo sub-grupo: »Versões de Músicas«. »Tobaco Road» entra de caras. »Roadhouse Blues«, também. E mais umas mil... Vamos a isso
Cumprimentos,
MJC
Mário João Ceia- Mensagens : 457
Data de inscrição : 16/01/2013
Idade : 73
Localização : Lisboa
Re: Fusion Orchestra
Boas,
Cpts,
Francisco
"Dá-lhe", pois certamente que terá bastante "clientela".Mário João Ceia escreveu:Fran escreveu:
»... Também sou da opinião que as "colagens", não têm, nem devem ser obrigatóriamente, vistas como algo de mau ... nem as "colagens", nem as chamadas "covers", pois conheço algumas, que me soam bastante melhor do que o original (Tobacco Road um original de John D Loudermilk, e quiçá o tema mais "versionado" em toda a história do rock, é talvez o maior e melhor exemplo disso).
Mais uma excelente ideia para um novo sub-grupo: »Versões de Músicas«. »Tobaco Road» entra de caras. »Roadhouse Blues«, também. E mais umas mil... Vamos a isso
Cumprimentos,
MJC
Cpts,
Francisco
Fran- Mensagens : 327
Data de inscrição : 17/05/2013
Idade : 61
Localização : Terceira
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